28 de fevereiro de 2006

Nos bastidores com Dee Dee

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Não resistimos a uma foto de família com a nossa voz preferida da actualidade

JNPDI! teve oportunidade de conviver com Dee Dee Bridgewater nos bastidores do CCB e, posteriormente, num jantar que lhe foi oferecido por Marc Pottier, Conselheiro Cultural da Embaixada de França em Portugal.

Mas vamos por partes...

Encontrámos Dee Dee nos camarins do CCB, em pleno exercício de relaxação vocal, onde um grupo que incluía Paulo Ochoa (da Universal Music/Verve em Portugal) e elementos da produção da 10.ª Colina) aproveitou para algumas fotografias "para mais tarde recordar".

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Foto JNPDI!: Paulo Ochoa foi calorosamente recebido por Dee Dee

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Foto JNPDI!: Alexandra Maurício (da 10.º Colina) e Dee Dee

Próxima paragem: residência do Conselheiro Cultural da Embaixada de França em Portugal.

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Foto JNPDI!: Dee Dee chega a casa do Cons. Cultural da Emb. de França (à dta)

Aqui Dee Dee teve a oportunidade de conhecer o Embaixador de França, situação que a deixaria fortemente impressionada e orgulhosa: "Can you belive? I met the ambassador!".

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O Embaixador de França, Sr. Patrick Gautrat, com Dee Dee


"Sou uma cantora de bebop"


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Em face desta rara oportunidade de falar informalmente com Dee Dee, aproveitámos para trocar algumas "estórias" e para conhecer melhor a sua própria história de vida e de carreira.


Deste convívio que se prolongou até cerca das 3 da manhã, deixamos aqui as mensagens mais importantes ou insólitas que recolhemos:


Ficámos a saber que depois de Dee Dee ter interpretado Billie Holiday em Londres esteve quatro meses sem conseguir cantar e recebia na sua caixa do correio cartas dirigidas à lendária cantora: "It was scary". Não voltará a fazê-lo porque para interpretrar Billie "é preciso vivê-la e ela consome-nos. Quando deixei de a cantar estive bastante tempo sem conseguir encontrar novamente o meu estilo".

De Portugal, Dee Dee segue para a Turquia, onde vai actuar na próxima semana e onde já teve problemas por causa da indumentária, pelo que planeia actuar de véu.

Detesta George Bush - "graças e ele o inglês tornou-se uma língua perigosa de falar" - a quem se refere como "he whose name we shall not pronnouce". Na Turquia falará apenas Francês...

Um sonho de Dee Dee é voltar a actuar no Brasil, bem como a sua banda, no Rio de Janeiro e em São Paulo. De Espanha, onde actuara nas vésperas do concerto de Lisboa, trazia a magnífica imagem do Palau de la Musica Catalana, para cujo espectáculo comprou expressamente um vestido à imagem da decoração deste privilegiado centro de arte e cultura de Barcelona.

Ficámos também a saber mais sobre a espiritualidade que já lhe tínhamos detectado em palco, e que entrou bem cedo na sua vida: "Quando tinha sete anos disse à minha mãe: vou morar em França, ser cantora e comprar-te uma casa". A intuição nunca mais deixou de fazer parte da sua vida: por ela se ficou em Paris em 1986 e por ela regressou aos EUA, 20 anos depois, sem saber que pouco tempo após o regresso a sua mãe começaria a adoecer vítima da doença de Parkinson..

Quanto a projectos dicográficos, esteve para gravar um album de homenagem a Sarah Vaughan, com a orquestra de Count Basie e arranjos de Frank Foster, projecto que abortou porque o neto de Basie pedia milhares de dólares e Foster nunca chegou a realizar os arranjos.

Conversámos também com Ira Coolman, que quando criança viveu em França e na Alemanha, dominando os respectivos idiomas. Este contrabaixista tem em Mulgrew Miller a referência nos pianistas de jazz actuais, lamentando que os da nova geração não estejam mais baseados na tradição: "uma coisa de eu gostava no Mulgrew Miller é que eu podia pedir-lhe que tocasse como o Oscar Peterson, ou como McCoy Tyner. Ele dominava todos os estilos. Isso não sucede com alguns dos novos pianistas".

Neste rendez-vouz nocturno, participou igualmente Rui Neves, personalidade do jazz portguês que dispensa apresentações.

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No final, não resistimos, claro, a solicitar o autógrafo da praxe e saímos com a convicção reforçada de que uma alma como Dee Dee só pode mesmo cantar com alma. E foi precisamente isso que fez no CCB.

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Já agora mais uma nota: Dee Dee Bridgewater considera-se claramente como uma cantora de bebop, na tradição de uma Betty Carter (de quem adoptou inclusivamente alguma da postura em palco). Como se dúvidas houvesse ainda disso depois do que presenciáramos no CCB...

Queremos agradecer a simpatia e gentileza de que fomos merecedores por parte da equipa da 10.ª colina, especialmente à Alexandra Maurício, ao incluir-nos neste restrito grupo de privilegiados que puderam conviver com uma (para mim a maior e mais interessante) das melhores vozes do jazz actual.

25 de fevereiro de 2006

Dee Dee no CCB: o público a seus pés

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Foto de João Moreira dos Santos

Como prevíamos, Dee Dee Bridgewater realizou um concerto inesquecível no CCB, no passado dia 24, não só pela qualidade das interpretações e dinamismo, mas também pelo lado cénico e teatral da sua actuação e pela extraordinária empatia que, com a sua comunicabilidade conseguiu estabelecer com o público logo desde o início, levando-o a imaginar Paris com as suas Edith Piaff ou Josephine Baker.

Para alguns dos espectadores que quase lotaram a sala, o concerto talvez tenha sido, porém, controverso, habituados que estamos às interpretações clássicas de temas como "La vie en rose" ou "Ne me quitte pas".

Porém, Dee Dee é a "fera" do bebop, é uma clara herdeira de Betty Carter, e portanto na sua voz as canções e as respectivas melodias e harmonias são apenas um ponto de partida e jamais serão lineares. A beleza da sua interpretação está nos arranjos inesperados, nas modulações vocais, no trabalho da melodia, na sua forma abrupta de cantar, nas inflexões do tempo, no extremar dos graves ou dos agudos e no scat singing com que nos brindou e que poucas cantoras actuais são capazes de igualar ou sequer tentar.

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Foto de João Moreira dos Santos

Pelo palco do CCB passaram canções como "J'ai deux amours", "La Mer", "Ne me quitte pas", "Mon Homme" (com uma excelente interpretação de Dee Dee, ora na versão em francês, ora na versão em inglês), "Et maintenant", "Que reste-t-il de nos amours", "Dansez sur moi", "Avec le Temps", "La Vie en Rose" ou "Les feuilles mortes".

Dee Dee emocionou-se visivelmente a cantar "La belle vie/The good life", a canção favorita da sua mãe, que sofre de Alzheimer, o que a levou a deixar uma mensagem sentida ao público do CCB: "Tomem conta dos vossos pais e avós. Tomem conta uns dos outros".

Num tema meio falado, meio cantado, Dee Dee (praticamente possuída pela energia do momento) regressou à adolescência e passou em revista a sua vida amorosa, lançando sobre a audiência um misto de surpresa e incontido sorriso, tanto pela narrativa como pela linguagem corporal que a acompanhava... A "fera" mostrou aqui as suas garras.


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Foto de João Moreira dos Santos

Quase duas horas e meia depois, Dee Dee preparava-se para abandonar o palco, mas o público não aceitou e levantou-se em peso para exigir um encore, solicitado por uma longa ovação.

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Foto de João Moreira dos Santos

Dee Dee arrancou com o belo "Speak Low" e terminou a solo com "Amazing Grace", com a profundidade e espiritualidade que só certas vozes, como a sua, possuem. Não se lhe podia pedir mais, o público compreendeu isso e abandonou a sala. Estava tudo dito. A entrega da cantora fora total. Mais do que Dee, estiver em palco a sua alma. Aberta. Plena. Sem receios.

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Foto de João Moreira dos Santos - Dee Dee canta "Amazing Grace".

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Foto de João Moreira dos Santos - Dee Dee canta "Amazing Grace".

Seria injusto não referir ainda os músicos que a acompanharam em palco: Louis Winsberg, guitarras; Marc Berthoumieux, acordeão; Ira Coleman, contrabaixo; Minino Garay, bateria e percussão.


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Foto de João Moreira dos Santos

Dee Dee deu tudo!

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Dee Dee deu-se de corpo e alma ao concerto de ontem no CCB e teve o público literalmente nas suas mãos logo desde o início.

Há muito que não víamos um tal fenómeno de empatia entre músicos e audiência.

Sobre o concerto e sobre o que após ele sucedeu num rendez-vous até às 3 da manhã numa típica casa Pombalina, aqui daremos nota em breve.

24 de fevereiro de 2006

Today is Dee Day!

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É às 21h00 de hoje que aquela que é para nós a cantora mais jazz e mais interessante do período pós Ella, Sarah, Holiday, McRae e Carter (as grandes vozes do jazz), sobe ao palco do CCB para interpretar canções do seu último CD, dedicado ao cancioneiro francês.

Não será exactamente um concerto de jazz puro e duro, mas um bom talento assegura sempre, normalmente, um bom espectáculo.

Lá estaremos, claro.

23 de fevereiro de 2006

A gripe do jézz...

Ao ver no telejornal da SIC uma reportagem sobre a gripe das aves, em que pequenos criadores não sentiam necessidade de colocar as suas aves em espaço fechado (porque sempre andaram à solta... e assim sabem melhor), lembrei-me desta pequena história: a gripe do jézz.

Fevereiro de 2056 - TELEJORNAL DA IMPRESASICRTP

Pivot - O governo anunciou hoje que para prevenir a gripe do jézz toda e qualquer forma de improvisação deve ser evitada a partir de agora e que, caso seja necessário, pode mesmo recorrer à cessação coerciva desta prática musical. Uma equipa de reportagem recolheu no terreno a reacção dos criadores desta ave rara da cultura às medidas governamentais.

Algures no país profundo, num pequeno auditório abarracado... ouve-se um músico a improvisar um solo sobre um tema de Duke Ellington.

Repórter: O senhor sabia que a partir de hoje, para evitar a gripe do jézz, o governo interditou o livre improviso?
Jézzmen: Pois isso não sabia. Oh zhé, já ouviste esta!? Agora não querem que a malta improvishe! Diz que é por causa da gripe do jézz...
Repórter: E vai continuar a improvisar apesar dos riscos?
Jézzmen: Pois está claro... O meu avô ja improvisava, o meu pai improvisava igualmente. E além disso então já viu os custos dessha medida? Olhe eu preshentemente gasto cherca de 25 euros mensais em pautas asshim shó para os arranjos dos temas da orquestra. Ora she agora tenho de escrever tudo, onde é que eu vou arranjar dinheiro para tanta folha? Nós aqui não shemos milionários... Olhe essha medida é boa é para os cantores pimba porque esshes aquilo é sempre a mesma coisha. É o sholidó e pimba pumba!
Repórter: Está portanto fora de causa impedir a improvisação livre, encerrando a vossa música noutras formas mais presas ao papel?
Jézzmen: Bem, nós por nós não o faremos... Agora she aparecer por aí alguém que o queira fazher por nós...

Numa escola à beira tejo, o repórter encontra um professor de jézz em plena aula com o seu bando de alunos:

Repórter: Então o senhor continua a deixar que os seus alunos improvisem assim e misturem as suas ideias com as dos outros?
Professor: Olhe isto é assim, nós aqui sempre procedemos desta forma e não é agora por causa dessa gripe que vamos mudar. Além disso dá-me muito gosto ver assim os meus alunos a improvisar livremente por aí, ao sabor da inspiração.
Repórter: Mas não receia o contágio com outras ideias livres que possam passar por aqui a voar?
Professor: E lá vem você com essa! Pois se isso nunca aconteceu ao longo dos anos, agora é que ia acontecer? Diga-me lá? Oh tu aí... agarra aí esse mi bemol que vai a fugir para a reserva natural! Tou farto de te dizer que os guardas florestais depois vêm para cá chatear por causa da chafurdice lá no espaço aéreo deles...
Repórter: Portanto, não pensa fechar a hipótese do improviso?
Professor: Nem pensar. Além do mais o jézz quer-se livre e olhe que até sabe melhor ao ouvido quando anda por aí a debicar aqui e ali ao acaso, misturando-se com as ideias alheias, respondendo a uns e a outros que passam e mandam uma boca aqui e uma boca ali... Tem outro gostinho, se me entende.

Pivot: Pois é, as coisas acontecem sempre só aos outros...

22 de fevereiro de 2006

Dee Dee fala aos leitores de JNPDI!

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To all jazz lovers in Lisbon who check out the site of Joao Moreira dos Santos at www.bizarrologia.com/jazz.html, I'd like to say that I'm looking forward to bringing my latest musical project, "J'ai Deux Amours" (based on French Love Songs) to Lisbon.

As we're living in ever-changing times, I have decided to take a musical journey, embracing the past 19 years of my life living in France, and exploring world music rhythms.

The musicians who collaborated with me on this project (Louis Winsberg, guitars; Marc Berthoumieux, accordion; Ira Coleman, bass; and Minino Garay, drums/percussions) will be weaving their magic spell for you during the show. We go on a wonderful romantic, yet 'high energy', journey - one full of love and laughter, and all things positive.

So come check us out. You won't be sorry!!!


DEE DEE BRIDGEWATER

Jazz volta ao DN

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Para comemorar os 40 anos dos 5 Minutos de Jazz, o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias editam hoje o primeiro de 4 CDs, com temas seleccionados por José Duarte.

Acresce a esta edição, uma biografia de 80 páginas sobre José Duarte, uma das mais importantes figuras na divulgação do jazz em Portugal, depois de Luís Villas-Boas, o pai de tudo o que se fez, faz e fará em jazz entre nós.

Tudo isto durante as próximas 4.ªas feiras e por "apenas" mais 6,50 além do preço do jornal, com o seguinte calendário de distribuição:

CD 1 - 22 Fev.
CD 2 - 1 de Março
CD 3 - 8 de Março
CD 4 + Livro - 15 de Março

De salientar a belíssima caricatura de José Duarte realizada por André Carrilho.

240 minutos de Jazz no S. Luiz


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Conforme aqui anunciámos, realizou-se ontem/hoje o evento comemorativo dos 40 anos do programa 5 minutos de Jazz, apresentado semanalmente por José Duarte, a quem desde já endereçamos os parabéns pelo seu trabalho em prol do som da surpresa.

Pelo palco do Jardim de Inverno do S. Luiz desfilaram vários músicos de jazz portugueses (e não só), mas infelizmente outros compromissos inadiáveis só nos permitiram assistir já às actuações de Paula Oliveira/Bernardo Moreira e de Jacinta.

Duas cantoras com projectos discográficos novos e distintos e que conhecíamos mal.

Duas actuações, também, completamente distintas.

O projecto da dupla Paula Oliveira e Bernardo Moreira foi absolutamente surpreendente pela alma que a cantora e os seus músicos colocam em temas populares do cancioneiro nacional, reinterpretando-os e adensando a sua força anímica e musical. Paula Oliveira é hoje uma cantora madura, que domina tecnicamente o seu aparelho vocal e que o utiliza ao serviço da música, qb, ora apelando aos graves ora "espremenendo" uns bonitos agudos. Mas sobretudo o que impressiona mais favoravelmente é o bom gosto na modulação vocal, o conhecimento que revela dos temas e a capacidade de neles "encaixar" algo de novo, que não só não destoa como parece ter estado sempre lá. É, em suma, uma belíssima homenagem à música portuguesa e aos seus autores originais. Este grupo actua na Festa do Jazz, no S. Luiz, dia 2 de Abril e JNPDI! recomenda vivamente a sua audição, mesmo a quem não gosta de Jazz.

Já sobre o projecto de Jacinta não podemos infelizmente dizer o mesmo, o que muito nos custa pois esta cantora, talentosa sem dúvida, vinha de uma fasquia muito alta com o seu primeiro CD, onde efectivamente tinha demonstrando a sua qualidade e diferença.

Sucede que para se ser um bom artista não basta ter apenas talento. É preciso saber escolher o repertório, os músicos e os caminhos por onde se leva o talento.

Ora em todos estes aspectos nos pareceu, sinceramente, que Jacinta é vítima de um grande equívoco.

O repertório apresentado, baseado na adaptação para português de standards, revelou-se quanto a nós uma má opção, sobretudo porque não só não funciona, como desvaloriza os temas originais. Tiago Torres da Silva, que tão belo trabalho tinha feito com o guitarrista Pedro Jóia, não conseguiu aqui captar a essência dos temas, nem sequer respeitar a sua mensagem original. Quanto ao repertório convém ainda acrescentar que a maturidade do artista lhe deve ditar o que pode ou não pode cantar, ou o que deve e não deve cantar. Pelo que vimos, Jacinta não pode/não deve cantar temas do cancioneiro brasileiro e muito menos um tema como "My heart belongs to daddy". E porquê? Porque na interpretação do primeiro falta-lhe o balanço e a dicção e no segundo falta-lhe convicção e percepção de como cantar o tema.

Agora a parte mais difícil para nós, porquanto quando falamos em músicos de jazz portugueses gostamos de o fazer por boas razões... Jorge Reis é conhecido pelo seu talento (embora este projecto não o evidencie), Rui Caetano é um bom pianista e está à altura, tal como o contrabaixista, disso não haja quaisquer dúvidas. Já o mesmo não se pode, porém, dizer do baterista que não percebeu (ou não quer perceber) que num combo liderado por uma voz é esta que tem de brilhar e não os efeitos ou pseudo-efeitos da bateria e que uma bateria saliente (para não dizer espalhafatosa e omnipresente) abafa a voz e tira-lhe a musicalidade e a beleza. Enfim, nada que não se resolva com uma boa dose de audição de bons discos e com um dose qb. de humildade e de esforço de compreensão de que o todo é a soma de todas as partes e todas devem trabalhar no mesmo sentido.

Finalmente, o caminho por onde se leva o talento... que está muito ligado à selecção do repertório. Percebemos que Jacinta queira trazer algo de original e ao mesmo tempo, cantando em português, conseguir alargar o público do jazz. Porém, o projecto tal como está corre o sério risco de não agradar nem a gregos nem a troianos. Ora todos sabemos a importância de um segundo disco numa carreira e Jacinta correu aqui porventura demasiados riscos...

Esperemos, porém, que daqui a uns anos possamos apenas dizer que se tratou de um mau passo numa brilhante carreira.

Já agora, quanto ao tema que hoje estreou, uma versão de Tiago Torres da Silva para o clássico "Prelude to a kiss", que a cantora referiu não estar ainda aprovado para edição... o nosso conselho é que sinceramente o deixe adormecer para a eternidade.

Estamos cientes da "dureza" desta nossa crítica (ainda assim refreada pelo respeito que nos merece a artista), mas tal não coloca em causa o talento nem apaga o excelente trabalho que Jacinta fez com a homenagem a Bessie Smith. Em 2004 assistimos, aliás, a uma brilhante performance de Jacinta com base nos temas deste mesmo disco e em temas como "My favorite things", esses sim revelando uma escolha adequada de repertório para a sua voz e uma capacidade de os recriar a um nível que então realmente nos surpreendeu muito positivamente.

Crítica é crítica e esta é não só fundamentada como sobretudo escrita com honestidade e sem outro fim que não seja o de relatar a opinião que colhemos do concerto a que hoje assistimos, aliás partilhada por pelo menos um destacado músico com quem tivemos oportunidade de conversar no final do espectáculo, procurando algo que pudesse tirar-nos a má impressão obtida.

Por isso reiteramos: Jacinta tem talento, pode ter uma bela carreira, mas precisa de ser realmente uma líder exigente e lúcida do seu projecto ou encontrar a parceria certa para o efeito.

21 de fevereiro de 2006

40 anos de 5 minutos de Jazz

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Há 40 anos que Portugal recebe, pela mão de José Duarte, 5 minutos de Jazz através da rádio, pretexto para o evento comemorativo que hoje se realiza no Teatro São Luiz/Jardim de Inverno.

É às 21h00 e conta com as actuações de Bernardo Sassetti, Dixiegang, Jacinta, Paula Oliveira e Pedro Moreira.

No âmbito das comemorações está ainda prevista a edição em caixa com 4 cds comemorativa da data e a reedição em caixa de JAZZ CLASSICS (EMI).

Mas as comemorações não se ficam por Lisboa, estendendo-se também a Aveiro, cuja universidade se associa a esta efeméride, desenvolvendo um conjunto de iniciativas.

20 de fevereiro de 2006

Dee Dee está quase aí!

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É já na próxima sexta-feira que Dee Dee Bridgewater sobe ao palco do CCB.

E se dúvidas houvesse sobre a sua qualidade, a revista JazzTimes deixa bem claro o que pensa desta cantora:

"Among the few contemporary jazz singers with the sass and style to rival Fitzgerald, Vaughn or McRae. Full of surprises."

Dee Dee é uma das últimas cantoras de jazz, genuinamente de jazz, na tradição das grandes vozes como Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Betty Carter, isto é, com as mesmas raízes.

Neste espectáculo, Dee Dee presta homenagem ao cancioneiro francês, pelo que são os seguintes os temas a interpretar:

- J?ai deux amours
- La Mer
- Ne me quitte pas
- Mon Homme
- Et maintenant
- Que reste-t-il de nos amours
- Dansez sur moi
- La belle Vie
- Avec le Temps
- La Vie en Rose
- Les feuilles mortes

Estamos curiosos como a "fera" Dee Dee vai improvisar sobre temas clássicos e impôr-lhes os seu cunho e garra pessoais.

18 de fevereiro de 2006

Manuel Jorge Veloso:
«O Jazz é a mais consumada arte
de saber ouvir os outros»

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JNPDI! inicia hoje um conjunto de entrevistas aos principais críticos de jazz portugueses. Começamos por Manuel Jorge Veloso, figura pioneira na divulgação do jazz na televisão, onde estreou em 1963 o célebre TV Jazz. Antes (e depois) disso foi músico, propulsionando à bateria o Quarteto de Jazz do Hot Club de Portugal e acompanhando, ocasionalmente, músicos como Dexter Gordon (Cascais Jazz), Don Byas ou Chet Baker. Para o cinema compôs a música para as longas-metragens Belarmino e Uma Abelha na Chuva (de Fernando Lopes), Pedro Só (de Alfredo Tropa) e para uma dezena de curtas-metragens. Desde 1993 que apresenta o programa Um Toque de Jazz (RDP-Antena 2) e há 8 anos que é crítico de Jazz do Diário de Notícias.

JNPDI!: Ao fim destes anos de actividade profissional como crítico, o que é para si o jazz?
Manuel Jorge Veloso: Como certamente para milhares de amadores de jazz, o jazz é (pode ser, nos melhores casos) uma área exigente da criação musical e, curiosamente, uma daquelas em que, com maior clareza, a dialéctica entre o talento individual e o talento colectivo se estabelece da forma mais fulgurante. É, ainda, a mais consumada arte de saber ouvir os outros... mas jamais perdendo a ocasião de «meter conversa», sem correr o risco de ser mal recebido! Nos seus primeiros tempos e mesmo até aos anos de 1960, o jazz manteve praticamente vivas, com uma ou outra nuance, as características de «música popular»; mas, de então para cá, foi-se tornando paulatinamente (como eu costumo definir) «a mais erudita das músicas populares», hoje ombreando mesmo, em várias das suas expressões, com outras áreas eruditas da grande música. Mas acima de tudo e durante muito tempo, o jazz foi uma forma peculiar e exemplar de um povo espezinhado e segregado fazer ouvir a sua voz e contaminar os outros nessa luta e nessa forma tão peculiar de fazer arte superior.

JNPDI!: Como se deixou seduzir pelo jazz e quando?
MJV: Desde bastante cedo, talvez por volta de 1955, coincidindo curiosamente com uma fase mais adiantada dos estudos de música clássica, no Conservatório. Mas devo confessar que as coisas começaram de modo algo enviesado, não propriamente pelo jazz «puro e duro» mas pelas versões orquestrais do Mantovani ou do Kostelanetz (hoje, chamar-lhes-íamos easy listening!) para os grandes clássicos do cancioneiro norte-americano que, mais tarde, eu viria a conhecer pela alcunha standards; ou pelas versões vocais para o mesmo tipo de repertório de grupos-chave dessa época, como eram os Hi Lo's, os Four Freshmen (sobretudo) ou, ainda, esse espantoso Norman Luboff Choir! Pouco tempo depois, descer as escadas que me levavam (quase todas as noites) à cave do Hot Clube foi o verdadeiro começo de tudo.

JNPDI!: Quando escreveu pela primeira vez uma crítica de jazz para ser publicada/divulgada?
MJV: Admito que deve ter sido logo no início dos anos de 1960 mas não me lembro, com precisão, onde ou quando isso terá acontecido. Ao longo dos anos, recordo-me de ter escrito para a Flama, o Cinéfilo, o Sete, a Capital, talvez O Jornal, nos anos mais recentes a revista , o Independente, o Diário de Notícias. Sou um desleixado, não guardei praticamente nada. Só depois de ter computador...

JNPDI!: Alguma vez foi pressionado por ter escrito algo "inconveniente" sobre um disco ou um músico?
MJV: Nunca.

JNPDI!: A dada altura surge como pioneiro com um programa de jazz na RTP. Pode falar-nos dessa experiência?
MJV: Uma experiência inesquecível! Repare que, para além daquilo que os pouquíssimos e esparsos concertos de jazz tornavam possível - num ambiente cultural em geral soturno, pelo obscurantismo vigente - poucos rostos e corpos da história e do quotidiano do jazz eram então conhecidos entre nós (o Festival de Jazz de Cascais chegaria, só, em 1971!) e quem não tinha a oportunidade ou a possibilidade de viajar ao estrangeiro, deste modo podendo assistir a concertos ou frequentando clubes de jazz nas grandes cidades europeias, aproveitava o TV Jazz (assim se chamava o programa) como uma oportunidade única de ver «em carne e osso» alguns dos mais importantes músicos de jazz desse tempo. O TV Jazz chegou a ter, entre 1962 e 1971, uma regularidade mensal, quinzenal ou até semanal, consoante o material disponível, o que era nesse tempo (e ainda hoje!) absolutamente invulgar. Nessa altura produziram-se nos EUA ou na Grã-Bretanha séries de grande qualidade musical e televisiva - hoje consideradas verdadeiras série de culto, como a norte-americana Jazz Scene USA ou a britânica Jazz 625 - que eu apresentei e transmiti na íntegra no (então) único canal da RTP! Mas também os poucos músicos de jazz portugueses desses anos tocaram com a regularidade possível no programa.

JNPDI!: Como é que se convence a RTP da época a avançar com um programa de Jazz?
MJV: A coisa surgiu com relativa naturalidade mas foi preciso perseverança. É preciso, no entanto, sublinhar que a RTP da época da ditadura estava recheada de carolas que sentiam estar a arrancar com uma coisa nova e aliciante, pessoas ligadas ao jornalismo, ao espectáculo, às artes e à cultura que, pouco a pouco, se foram tornando profissionais (também) de televisão nas suas respectivas áreas de interesse e que não eram propriamente adeptos ou seguidores do regime. Muito longe disso! Por outro lado, promover a divulgação da arte e da cultura num meio de comunicação tão importante como era (e continua a ser) a televisão era uma outra forma de militância e de resistência contra esse mesmo regime e contra o obscurantismo há muito instalado na sociedade portuguesa. Se aquilo que, nessa época, muitos de nós fizemos em televisão terá conseguido ultrapassar as imensas dificuldades e constrangimentos envolventes, acabando por ter (eventual) qualidade, é porque foi muito difícil ao regime e aos seus servidores na RTP (que os havia e muitos!) contrariar o que era óbvio e imparável.

JNPDI!: Alguma vez sentiu que o Jazz não era bem-vindo na RTP do regime da época?
MJV: Com toda a franqueza, não! Vejamos: o responsável pelos programas de música clássica quando entrei para a RTP em Maio de 1958 era o João Paes de Freitas Branco, o que diz logo tudo! Como se compreenderá e independentemente do que ele pensava acerca do jazz (e não pensava mal), para um esclarecido e empenhado amante e conhecedor de música, o facto de eu ser um tipo que vinha do Conservatório dava-lhe, por assim dizer, garantias e tornava credível que o jazz fosse surgindo como uma hipótese natural no âmbito da programação musical.

JNPDI!: E censura, houve?
MJV:
No caso concreto do TV Jazz não; mas era preciso ser-se esperto para escapar à censura ou contorná-la, porque ela entrava por todas as portas e janelas daquela casa, como se pode calcular.

JNPDI!: E como chega depois à rádio?
MJV: Bom, tal como hoje acontece, talvez o facto de aparecer na «caixa» da TV fosse meio caminho andado para que outras portas se abrissem. Não tive, assim, grande dificuldade em engrossar o número daqueles (poucos) que, nessa época, já praticavam na rádio a militância da divulgação do jazz. Lembro-me de ter apresentado programas ou rubricas de regularidade e importância muito diversa em estações como a ex-EN, o ex-RCP ou a RR.

JNPDI!: A divulgação de jazz tem futuro na rádio? Que leitura faz do panorama actual?
MJV:
Tem imenso futuro na rádio, assim o quisessem entender os responsáveis pelas muitas estações que existem. (Como o teria na televisão, se as coisas não se tivessem degradado, nessa área, a um nível tão rasteiro). O panorama actual do jazz na rádio não é nada animador; mas, por exemplo, na Antena 2, depois do esforço pioneiro de uma década, o actual alargamento da programação de jazz a uma hora diária de emissão (dias úteis e fins-de-semana) fez com que, assim de repente, voltássemos a uma situação que já tivemos em inícios dos anos de 1980, quando um programa como o Abandajazz era transmitido diariamente na Rádio Comercial, o que é um facto muito positivo.

JNPDI!: Quando faz uma crítica de um concerto ou de um disco, quais são os seus critérios para analisar a realidade que vai transmitir aos leitores?
MJV: Procuro ser objectivo e, na medida do possível, pedagógico, passe a presunção. Sobretudo quando este disco ou aquele concerto não corresponderam ao que seria de esperar em função dos músicos protagonistas. É esta, sem dúvida, a situação mais complicada. Ou seja, é preciso compreender que, no jazz - uma música em grande parte criada no próprio momento de tocar -, há factores internos e externos aos próprios músicos que podem influir num sentido negativo, prejudicando a disposição, a imaginação e a criatividade. E como, na situação de concerto, não há a possibilidade de alternate takes, os promotores de concertos ou festivais têm de procurar compreender que as reticências do crítico a um dado concerto não se dirigem a quem os escolheu e contratou mas àquilo que, em concreto, os músicos fizeram, sendo para tal quase irrelevante tudo o que deles ouvimos (ou lemos) serem capazes! Jamais concordei com aqueles que, de forma alienada, exaltam um determinado concerto só porque os músicos que nele participaram (pelo que deles se conhece ou ouviu falar) se tornaram, para todo o sempre e em todas as circunstâncias, sábios e intocáveis criadores!

JNPDI!: Existe um perfil de leitor médio para quem o crítico escreve?
MJV:
Creio que depende da publicação para a qual esse crítico escreve. Para um jornal diário, mesmo um jornal de referência, julgo que não se deve escrever como para uma revista especializada; e desde já confesso que raramente eu terei conseguido seguir esta regra. Acho que se têm de apresentar mais dados e argumentos, eventualmente não conhecidos do leitor comum mas que se consideram adquiridos em relação ao leitor já iniciado, aquele que sabe do que se está a falar. É um problema real com o qual tenho de lidar constantemente e que, ao fim destes anos todos, ainda não consegui resolver! Sobretudo no que toca à necessidade de dizer tudo aquilo que pretendo num espaço curto e delimitado, de uma forma clara, alheia à linguagem e às insinuações de clã (para entendidos lerem), respectivamente mais próprias das publicações especializadas ou injustificáveis numa crítica transparente.

JNPDI!: O crítico de jazz tem de saber ou não de música, mesmo não sendo necessariamente um músico?
MJV: Claro que não! O que é preciso é saber ouvir, ter uma intensa prática auditiva. E procurar conversar com os grandes músicos, que os continuará a haver. Não é preciso ser realizador para escrever sobre Cinema ou escritor para falar sobre Literatura ou pintor para ser crítico de Artes Plásticas. Mas sem dúvida que ajuda! Quer dizer, julgo que os conhecimentos de música são uma ferramenta útil para entender e ir acompanhando em tempo real, quase sem necessidade de recuo histórico, a evolução do jazz e, assim, não cair no mesmo tipo de disparates nos quais, no seu tempo, já o Panassié caiu. Há quem ontem se tenha rido do Panassié, porque ele recusava o bebop argumentando que não era jazz; mas, ao mesmo tempo e em contrapartida, aquilo que em tempos se censurou ao Panassié é rapidamente esquecido quando hoje se recusa liminarmente, sem qualquer hesitação ou inquietude, outras vias que o jazz tem vindo a explorar. Neste sentido, julgo que os conhecimentos musicais ajudam a compreender, talvez melhor e para além de noções mais básicas, esses desenvolvimentos, esses novos caminhos; mas também ajudam a destrinçar o trio do joio e a procurar advertir para o embuste daqueles que se arvoram em chico-espertos da modernidade!

JNPDI!: Que memórias/histórias guarda destes anos de actividade na área do jazz como crítico?
MJV: Bom... três anestesias gerais fizeram grandes estragos nas minhas faculdades de memória, sobretudo em relação a um passado mais afastado. Mas não guardo propriamente grandes histórias da actividade de crítico, excepto alguns aspectos anedóticos quanto à edição (ou substituição) de títulos, cortes em textos e outros atropelos... As principais memórias relacionam-se, sim, com noites inesquecíveis em que pude participar enquanto músico, como aquela em que me vi a tocar (por causa do abandono... por KO... do Joe Morris, o baterista da big band de Quincy Jones) com os principais solistas da orquestra: o Julius Watkins, o Jerome Richardson, o Sahib Shihab, a Melba Liston, o Benny Bailey, o Les Span... Ou a madrugada-quase-manhã de um clube de Liège, numa jam session com o Chet Baker, o Jean-Pierre Gebler, o Philip Catherine, o René Thomas, o Jacques Pelzer, o Justiniano Canelhas... Ou as conversas com o Pony Poindexter ou o Don Byas... Gerry Mulligan no Luisiana... Milt Jackson na Rádio Renascença... um yeah! do Dexter Gordon, depois de uma acentuação na tarola... enfim... coisas assim!

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Manuel Jorge Veloso, Lugi Trussardi e Chet Baker.

Ah... e ainda fico a guardar a história de esta entrevista para o JNPDI (se não estou enganado) ser, porventura, a primeira que me fizeram, enquanto crítico e divulgador do jazz, em quarenta e tal anos de actividade!

JNPDI!: Que músicos de jazz de renome internacional teve oportunidade de entrevistar até hoje?
MJV: Que me recorde, nunca entrevistei qualquer músico de jazz de renome internacional. O que não quer dizer que não tenha tido os mais inesquecíveis e enriquecedores momentos no que se refere à captação de experiências e absorção de ensinamentos com alguns dos músicos com os quais tive a rara felicidade de tocar e conviver. Mas, voltando às entrevistas, o problema é que estas devem ser encaradas com o máximo rigor e responsabilidade possíveis, pois talvez seja o que de mais importante se pode ainda fazer para manter viva uma certa tradição da transmissão oral, como forma de aprendizagem do próprio fenómeno jazzístico nas suas várias vertentes. Acontece que eu sempre fui preguiçoso quanto à necessidade de me preparar convenientemente para fazer entrevistas responsáveis. Preferi, portanto, não as realizar.

JNPDI!: E qual ou quais tem pena de não ter conseguido entrevistar?
MJV: Todos, claro!

JNPDI!: Dos vários concertos a que assistiu em Portugal, qual o que mais saudades lhe deixou pela qualidade musical?
MJV: Para apenas indicar meia dúzia de concertos de importância e significado muito diverso, lembro-me (pela novidade) dos concertos pela orquestra de Count Basie (1956) ou pela orquestra do Duke Ellington com a Ella Fitzgerald (1966); das actuações do quarteto de Charles Lloyd no «Luisiana» (com o Keith Jarrett, o Cecil McBee e o Jack DeJohnette, depois de um TV Jazz que realizei com eles na RTP, em 1966); e, já nos últimos anos, os concertos pelo trio do Brad Mehldau no Seixal Jazz (1998) ou pelo quarteto do Kurt Rosenwinkel com o Mark Turner na Marinha Grande (2001), entre alguns outros. No estrangeiro, foram momentos únicos o concerto pelo novo quinteto de Miles Davis em Antibes, Juan-les-Pins (1963) ou o da orquestra de Charlie Mingus no Festival de Jazz de Newport (Nova Iorque, 1972).

JNPDI!: E pela qualidade emocional?
MJV: Todos os do 1º. Festival Internacional de Jazz de Cascais (1971); Sun Ra, ao ar livre, num cais de Nova Iorque (1972); e também o do Archie Shepp, na 1ª. Festa do «Avante!» (1975).

JNPDI!: E, já agora, o pior?
MJV: O de um tal Carlos Maza num Guimarães Jazz, já antigo.

JNPDI!: Já temos, na sua opinião, jazzmen e jazzwomen de qualidade internacional? Quem?
MJV:
Já. Desculpe... mas não digo. Isto é muito pequeno.

JNPDI!: E pode falar-se numa nova geração de críticos de jazz em Portugal?
MJV: Às vezes...

JNPDI!: Considera que há festivais a mais?
MJV: Nunca há festivais de jazz a mais; mas o facto é que (aqui entre nós) eles são em número bastante superior à procura real.

JNPDI!: Diga-nos o elenco de um festival ideal. Só valem os músicos ainda vivos...
MJV:
Desculpe... mas também não digo. É que (quem sabe?) ainda pode ser que alguém me convide para director artístico de um festival ou comissário de um centro cultural. E não vou dar «de bandeja» os nomes desse possível elenco!

JNPDI!: Presumo que tenha uma vasta colecção de discos... Quantos são?
MJV: Não tão vasta como poderia julgar-se. Mas são bastantes: à volta de 7.000 CDs.

JNPDI!: Quais as maiores preciosidades entre esses?
MJV:
É impossível responder. Como se compreenderá e é natural, as preciosidades são inúmeras. Não se trata de gabarolice!

JNPDI!: Por falar em discos, que registos (num máximo de 5) recomendaria a um leigo em jazz?
MJV: Nunca recomendaria cinco! Mas, sem puxar muito pela memória, assim ao correr da pena, apenas por ordem cronológica e para documentar marcos decisivos na história do jazz, há cinco escolhas óbvias:

1) - «The Complete Hot Five and Hot Seven Recordings» (Louis Armstrong)

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2) - «Never No Lament» (The Blanton-Webster Duke Ellington Band 1940-1942)

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3) - «The Complete Savoy and Dial Sessions» (Charlie Parker)

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4) - «Kind of Blue» (Miles Davis)

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5) - «Free Jazz» (Ornette Coleman)

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Mas certamente que haveria dezenas de outras combinações possíveis.

JNPDI!: O que mudou no jazz em Portugal entre o momento em que começou a divulgá-lo e o presente?
MJV: Tudo: no que respeita ao ensino, à prática, à maturidade, à internacionalização, ao profissionalismo, ao escancarar do gueto em que alguns de nós queremos conservá-lo, à (apesar de tudo) quantidade de músicos e à qualidade de vários deles, às escolas que surgiram, à possibilidade de formar três big bands ou de assistir a 10 festivais por ano, até ao escândalo de não haver jazz nas (quatro) televisões, 32 anos depois de Abril!

JNPDI!: O Jazz é uma música com futuro no século XXI? Que caminhos pode em sua opinião tomar?
MJV: Com um tal passado e um tal presente, naturalmente que o jazz é uma música com futuro no século XXI. Parece-me, de resto, que isso é já claríssimo. Mas continua a ser inútil pretender-se impor-lhe balizas ao seu desenvolvimento e modernidade ou quanto aos caminhos pretensamente correctos que pode ou deve tomar: a especificidade e as características que eram únicas e pareciam indissociáveis do jazz em 1920 transformaram-se logo em 1930 e ainda mais em 1940, evoluíram noutra direcção em 1950, foram subvertidas no melhor sentido (e ao mesmo tempo retomadas com generosidades diversas) em 1960, alteraram-se (há quem diga: abastardaram-se) em 1970, sofreram um retrocesso (disfarçado de regeneração e retoma de identidade) em 1980, aglutinaram-se e voltaram a dispersar-se a uma nova luz em 1990 e prosseguem com novos e ainda mais interessantes contributos em 2000. Uma música assim não pode morrer, antes continuará a evoluir por caminhos imprevisíveis; mas sem dúvida aberta a influências as mais diversas, acabando por apropriar-se das melhores. Como (quase) sempre fez.

RETRATO BIOGRÁFICO

Manuel Jorge Veloso nasceu em 1937, em Lisboa.
Com formação musical clássica (1º. ano do curso superior de Composição e 2º. ano do curso superior de Violino, pelo Conservatório Nacional), foi nos anos de 1960 e 1970 baterista de jazz amador e membro fundador do primeiro grupo português com actividade jazzística exclusiva e regular - o Quarteto do Hot Clube de Portugal - com o qual se apresentou em concertos por todo o país e, ainda, no Festival Internacional de Jazz de Comblain-La-Tour (Bélgica) em 1963.
Individualmente, tocou em jam sessions com inúmeros músicos de jazz portugueses e estrangeiros de passagem por Portugal ou no estrangeiro (França, Bélgica), entre os quais Jerome Richardson, Sahib Shihab, Bennie Bailey, Melba Liston ou Julius Watkins (da orq. de Quincy Jones) e, ainda, Don Byas, Herb Geller, Chet Baker, Barney Wilen, René Thomas, Philip Catherine, Pony Poindexter, Paul Gonsalves, Gerry Mulligan ou Milt Jackson, tendo integrado com Kevin Hoidale e Jean Sarbib o Quarteto de Dexter Gordon no I Festival Internacional de Jazz de Cascais (1971).
Profissionalmente, foi assistente musical na área da música clássica na RTP - entre 1958 e 1971 - tendo, nessa época, produzido e apresentado um programa de jazz regular intitulado TV Jazz. Foi, ainda, assistente de produção do programa O Povo que Canta (Michel Giacometti) e, mais tarde, entre Maio de 1974 e Julho de 1975, membro da Comissão Directiva de Programas.
Desde o início da sua actividade profissional até hoje foi autor de vários programas e rubricas de jazz na rádio portuguesa. A partir de Março de 1993, realiza e apresenta na RDP-Antena 2 o programa Um Toque de Jazz.
Na sua actividade de divulgação e crítica na área do jazz, publicou ao longo das últimas quatro décadas inúmeros artigos na imprensa diária e hebdomadária e é, desde Março de 1998, crítico no jornal «Diário de Notícias».
No domínio do cinema, compôs a música para as longas-metragens Belarmino e Uma Abelha na Chuva (Fernando Lopes) e Pedro Só (Alfredo Tropa) e para cerca de uma dezena de curtas-metragens de Fernando Lopes e Faria de Almeida. Foi professor da cadeira Construção e Análise da Banda Sonora, na Escola de Cinema do Conservatório Nacional (1971/1973), e fez o Mestrado em Realização pela Escola Superior de Cinema e TV de Babelsberg-Potsdam.
Na edição discográfica, foi produtor (EMI/VC, Sassetti-Guilda da Música, Caminho) nas áreas da música popular, erudita, jazz e discos literários (1971/1974).
Na edição literária, traduziu o livro O Mundo da Música, de Leonard Bernstein (Livros do Brasil) e colaborou na entrada «Jazz», in Rudolph Stephan (coord.), Música. Enciclopédia Meridiano/Fisher, vol. 7 (1968). Lisboa: Editora Meridiano, Lda.
É coordenador e autor de várias entradas no domínio do jazz para a Enciclopédia da Música Portuguesa do Século XX, Instituto de Musicologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (no prelo).

17 de fevereiro de 2006

Morreu Ray Barretto

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O Percussionista Ray Barretto faleceu esta manhã no Hackenstack University Medical Center, aos 76 anos, vítima de penumonia.

Nascido em 1929, Barretto aprendeu a arte de bem percutir as congas durante o serviço militar que cumpriu na Alemanha e foi no regresso a NYC que começaria a sua carreira, substituindo Mongo Santamaria na banda de Tito Puente, onde se manteve durante quatro anos.

1962 viu-o emergir como líder, gravando para a editora Riverside. Mas seria, porém, a sua associação aos grandes do jazz que o tornaria mais conhecido. Referimo-nos às suas participações em discos de Gene Ammons, Cannonball Adderley, Kenny Burrell, Lou Donaldson, Red Garland, Dizzy Gillespie, Freddie Hubbard, Wes Montgomery e Cal Tjader, entre outros.

16 de fevereiro de 2006

Hoje há Jazz na FNAC do Colombo

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Prosseguimos, no âmbito do Ciclo de Jazz promovido pela FNAC, com mais uma sessão de apresentação do livro Duarte Mendonça: 30 anos de Jazz em Portugal.

A próxima sessão tem lugar hoje, dia 16, pelas 20h30, na FNAC do Colombo, e tem como agenda:

20h30 - Projecção de excerto do DVD do concerto de Bill Evans e Eddie Gomez no Teatro S. Carlos (1975)

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21h00 - A razão de ser de um livro: Duarte Mendonça - figura e obra.
João Moreira dos Santos

21h30 - Histórias, memórias e peripécias de 30 anos de produção de Jazz em Portugal.
Duarte Mendonça

- Do Cascais Jazz (1974) ao Estoril Jazz (2004): 30 anos em imagens.

Aqui deixamos uma ténue amostra das muitas imagens que amanhã vão desfilar pelo auditório da FNAC Colombo, evento para o qual todos os leitores de JNPDI! estão naturalmente convidados.

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[Rão Kyao - Cascais Jazz 1977]

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[Chet Baker - Cascais Jazz 1981]

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[Betty Carter - Estoril Jazz 1996]

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[Charles Mingus - Cascais Jazz - 1975]

14 de fevereiro de 2006

Temos festa!

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Já são conhecidas as datas da 4ªFesta do Jazz do Teatro S.Luiz, este ano alargada com base no indiscutível êxito das edições anteriores: 31 de Março, 1 e 2 de Abril.

Organizado no Teatro Municipal São Luiz este é um evento que, ao longo de 3 dias e de aproximadamente 40 horas de espectáculos, anima quatro salas do Teatro com Jazz "made in Portugal" por alunos de Escolas de Música e por Bandas profissionais, que em alguns dos casos, incluem, convidados estrangeiros de reconhecido mérito.

Tal como nas edições anteriores, a 4ª Festa do Jazz tem como objectivo principal dar a conhecer o trabalho desenvolvido por uma boa parte das Escolas de Música que de norte a sul do país se dedicam ao ensino desta expressão musical. Esta mostra, será feita através da apresentação ao vivo de Combos de alunos, sugeridos pelas respectivas escolas. Os referidos (10) Combos actuarão, como tem sido habitual, na sala denominada Jardim de Inverno, no período compreendido entre as 14h00 e as 19h00 dos dias 1 e 2 de Abril.

À semelhança do que já aconteceu em anteriores edições, um dos concertos da Festa, a ter lugar na Sala Principal, pretende ter uma vertente única que consiste em encomendar obras a 5 compositores portugueses da área do Jazz. Estas peças serão estreadas por um Septeto formado especificamente para este concerto. Os restantes (sete) grupos que actuam nesta sala, reunirão um naipe de músicos do primeiro plano, nacional e internacional.

Eis, pois o programa para esta sala:

Sexta, 31 de Março, 21h30

Bernardo Sassetti / Ascent Trio2

Ajda Zupancic - violoncelo
Jean François Lezé - vibrafone
Bernardo Sassetti - piano
Carlos Barretto - contrabaixo
Alexandre Frazão - bateria


Sexta, 31de Março, 23h00

Ensemble Festa do Jazz

Interpreta composições originais de:
Andreia Pinto Correia, Nelson Cascais, Mário Laginha, Tomás Pimentel, Afonso Pais.

João Moreira - trompete
Carlos Martins - sax tenor
Perico Sambeat - sax alto
Nuno Ferreira - guitarra
Jesse Chandler- piano
Paco Charlín - contrabaixo
Bruno Pedroso - bateria


Sábado, 1de Abril, 19h00

Joana Rios

Joana Rios - voz
Bruno Santos - guitarra
Bernardo Moreira - contrabaixo
André Sousa Machado - bateria
Pedro Moreira - sax tenor
Claus Nymark - trombone



Sábado, 1de Abril, 21h30

TGB - Carolino/Delgado/Frazão

Sérgio Carolino - tuba
Mário Delgado - guitarra
Alexandre Frazão - bateria


Sábado, 1de Abril, 23h00

Sexteto de Mário Franco com David Binney

David Binney ? sax alto, sampler
André Fernandes - guitarra
Jesse Chandler - piano, orgão
João Gomes - sintetizador, fender rhodes, laptop
Mário Franco - contrabaixo, baixo eléctrico
João Lencastre - bateria, percussões


Domingo, 2 de Abril, 19h00

Paula Oliveira e Bernardo Moreira ?Lisboa que Adormece?

Paula Oliveira - voz
Leo Tardin - piano
Bernardo Moreira - contrabaixo
Bruno Pedroso - bateria
João Moreira - trompete


Domingo, 2 de Abril, 21h30

Laurent Filipe - A Luz?

Laurent Filipe - trompete
Mário Delgado - guitarra
Rodrigo Gonçalves - piano
Nelson Cascais - contrabaixo
Paulo Bandeira - bateria



Domingo, 2 de Abril, 21h30

Estardalhaço Brass Band

Mário Marques ? sax alto, soprano
André Murraças - sax tenor
António Morais - trompete
João Moreira - trompete
Ruben Santos - trombone
Luís Cunha - trombone
Sérgio Carolino - sousafone
Luis Cascão - bateria


Este ano, a disponibilidade para concertos da Sala Estúdio Mário Viegas vem preencher uma lacuna sentida desde a 1ª edição do evento. Para esta sala foram programados projectos de reconhecida qualidade que fundamentalmente por razões de mercado, não atingiram ainda a notoriedade mediática que a nosso ver merecem. Como é facilmente compreensível a maioria dos músicos portugueses que se dedicam a esta expressão musical faz parte deste grupo, merecedor de atenção.

Também este ano, um júri composto por 3 especialistas convidados (Manuel Jorge Veloso, Rui Neves e José Nogueira) votará o melhor Combo, o melhor Instrumentista e ainda possíveis prémios Revelação, a seleccionar entre as escolas participantes:

- Escola Moderna de Jazz Almada (Seixal);
- ETIC- Escola Técnica de Imagem e Comunicação (Lisboa);
- Escola de Jazz de Torres Vedras;
- Conservatório Escola das Artes (Funchal);
- ESMAE - Esc. Sup. de Música e das Artes do Espectáculo (Porto);
- Escola JBJazz (Lisboa);
- Escola de Jazz do Barreiro;
- Escola de Música da C.M. da Nazaré;
- RIFF- Escola de Música de Aveiro;
- Escola de Jazz Luiz Villas Boas/Hot Clube de Portugal (Lisboa).

Neste evento não faltam as master classes, destinadas principalmente aos alunos das Escolas de Música participantes na Festa, asseguradas por Bernardo Sassetti (piano, dia 1) e David Binney (saxofone, dia 2).

A Festa do Jazz conta ainda com uma Feira do Disco e com um stand onde uma das lojas nacionais de instrumentos estará presente para uma mostra.

Têm a palavra os Críticos de Jazz

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Manuel Jorge Veloso, Lugi Trussardi e Chet Baker.

Eles são o elo de ligação entre o público e os músicos, funcionando como verdadeiros agentes de divulgação cultural e artística. Mas, nas suas mãos e vozes reside também em grande parte o poder de projectar ou eclipsar um artista.

Referimo-nos aos críticos de jazz, um grupo restrito de pessoas que dedicam parte da sua vida a tornar conhecida a obra produzida por outras vidas.

Se para alguns mais não são do que frustrados aspirantes a músicos, para o grande público constituem um indispensável farol, um aviso à navegação nas terras do som da surpresa (para que não haja surpresas desagradáveis), ajudando a separar o trigo do joio, e para os músicos, são por vezes autênticos conselheiros, maximizando as potencialidades do seu talento.

Porém, entre artistas, obras, indústria discográfica, festivais e clubes, para onde obviamente apontam os holofotes da fama e da notoriedade, os críticos são muitas vezes negligenciados e apesar de terem acesso ao poder de informar pouco ou nada se sabe deles e da sua actividade.

JNPDI! decidiu investigar e por isso inicia esta semana um conjunto de entrevistas com os mais reputados críticos de jazz portugueses.

Começaremos com um crítico que já foi músico: Manuel Jorge Veloso.

Stay tuned!

13 de fevereiro de 2006

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12 de fevereiro de 2006

Encerrou o clube Blueswing

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Foto de J. M. Santos - 12/02/2005

Encerrou ontem ao público o clube Blueswing, cuja abertura aqui anunciámos em primeira-mão em Junho de 2004, e que até agora funcionou em Cascais, próximo do Largo Camões.

Foi um ambiente de desolação e de tristeza que encontrámos hoje na visita a este espaço, enquanto colaboradores e gerente (Luís de Freitas Branco) procediam à desmantelação do equipamento.

Ao que apurámos, este projecto, que encerrou não por falta de público, mas pela imposição súbita de condições leoninas por parte do senhorio do imóvel, pode não morrer por aqui (assim o esperamos), estando em estudo algumas alternativas noutra zona de Cascais.

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Foto de J. M. Santos - 12/02/2005

E agora a parte boa...

Felizmente, Cascais vai poder receber ainda este ano um novo espaço para o jazz, cujas instalações tivemos hoje ocasião de visitar, ainda antes de avançarem as obras que poderão fazer deste espaço um dos mais inovadores e arquitectonicamente mais interessantes no seu género.

Dão-se alvíssaras...

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Desapareceu das lojas no passado mês de Novembro/Dezembro a revista Jazz.pt, publicação bimestral. Da última vez que foi vista fazia-se acompanhar por Dave Douglas na capa.

Agora a sério: alguém sabe o que se passou com esta revista?

Entretanto, a boa notícia é que está em estudo o surgimento de uma nova publicação, em moldes totalmente inovadores e distintos do que até agora se tentou. JNPDI! já foi consultado e parece-nos que o projecto tem pés para andar e subsistir.

11 de fevereiro de 2006

Mehldau conquista CCB

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O pianista Brad Mehldau assegurou ontem à noite casa cheia no CCB e agradou sobejamente à audiência, que o obrigou a 3 encores (se não me falhou nenhum).

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Diga-se o que se disser, pense-se o que se pensar, a verdade é que já por cá passaram pianistas de maior craveira e que deram melhores concertos, mas não tiveram metade da assistência de Mehldau.

O marketing nestas coisas também dá uma mãosinha e é certo que a cada encore havia várias pessoas a debandar, talvez aquelas que foram ao concerto só porque se fala muito de Mehldau...

Quer isto dizer que se tratou de um concerto menos bom? Longe disso, estamos apenas a falar no campo da relatividade. A qualidade de Mehldau e seus companheiros é inquestionável. De resto, a segunda parte foi bem mais interessante do que a primeira e aí tanto Mehldau como acompanhantes mostraram bem o que são capazes de fazer.

Agora que deixou nostalgia de um pianista como Bill Evans, disso não haja dúvidas.

10 de fevereiro de 2006

Bublé apanhado em "flagrante"

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Já está no mercado o mais recente CD de Michael Bublé, voz sensação que tanto lembra Frank Sinantra.

Caught In The Act capta Bublé ao vivo e vem acompanhado de um DVD.

9 de fevereiro de 2006

Mehldau esgotado

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Quem ainda não comprou bilhetes para o concerto de Brad Mehldau (dia 10, CCB) pode esquecer a ideia poque os cerca de 1400 bilhetes disponíveis já se encontram esgotados.

E ainda dizem que não há em Portugal público para o jazz!

Embora seja parca consolação, pode sempre vê-lo e ouvi-lo ao vivo no seu site.

Grammy Awards: e os vencedores são...


A entrega dos Grammy Awards realizou-se ontem e aqui ficam os vencedores na área do Jazz:

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Best Contemporary Jazz Album
The Way Up Pat Metheny Group [Nonesuch]

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Best Jazz Vocal Album
Good Night, And Good Luck. Dianne Reeves [Concord Jazz]

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Best Jazz Instrumental Solo
?Why Was I Born?? from Without A Song - The 9/11 Concert [Milestone] Sonny Rollins, soloist

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Best Jazz Instrumental Album, Individual or Group
Beyond The Sound Barrier Wayne Shorter Quartet [Verve]

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Best Large Jazz Ensemble Album
Overtime Dave Holland Big Band [Sunnyside/Dare2]

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Best Latin Jazz Album
Listen Here! Eddie Palmieri [Concord Picante]

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Best Traditional Tropical Latin Album
Bebo De Cuba Bebo Valdés [Calle 54 Records]

Best Instrumental Composition
?Into The Light? from Lyric Billy Childs, composer, for Billy Childs Ensemble [Lunacy Music/Artistshare]

Best Instrumental Arrangement Accompanying Vocalist(s)
What Are You Doing For The Rest Of Your Life? Chris Botti & Sting: Billy Childs, Gil Goldstein and Heitor Pereira, arrangers [Columbia Records]

Best Album Notes
The Complete Library of Congress Recordings by Alan Lomax John Szwed, album notes writer [Rounder Records]

Best Historical Album
The Complete Library of Congress Recordings by Alan Lomax Jeffrey Greenberg & Anna Lomax Wood, compilation producers; Adam Ayan & Steve Rosenthal, mastering engineers [Rounder Records]


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